sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Dissertação


CARACTERÍSTICAS DA DISSERTAÇÃO

O texto dissertativo é, por definição, aquele em que desenvolvemos um tema com o objetivo de esclarecer seus aspectos principais e, eventualmente, apresentar nosso ponto de vista. Quando esse tipo de texto faz apenas um panorama das idéias principais relativas ao tema, sem defender uma opinião específica, ele recebe a designação de dissertação expositiva; quando, ao contrario, o objetivo do autor é convencer os leitores de seu ponto de vista, trata-se de uma dissertação argumentativa.
Em geral, as provas de vestibular não costumam fazer menção a textos puramente expositivos. Espera-se que o candidato apresente senso critico em sua redação e, para isso, nada melhor do que redigir uma argumentação propriamente dita. Assim, daqui em diante, sempre que falarmos de dissertação, faremos referencia aos textos de caráter argumentativo, mesmo que essa denominação não seja explicitada.

DEFESA DE UM PONTO DE VISTA

Considerando o caráter argumentativo de que falamos, não será difícil perceber que é necessário “tomar partido” em qualquer redação de vestibular. Precisamos de todas as armas necessárias a levar o leitor a concordar  com nossa opinião. Essa é uma tarefa que faz uso constante do raciocínio lógico e da organização das idéias.
Cumpre ressaltar, a esse propósito, que as Bancas não avaliam qual é o ponto de vista do candidato, uma vez que todos temos liberdade de pensamento. No entanto, como em sociedade não basta ter uma opinião, sendo preciso justificá-la e fundamentá-la, os examinadores procuram avaliar essas competências na correção das provas.

LINGUAGEM IMPESSOAL

Por se tratar de texto técnico, a dissertação deve tratar do tema proposto com uma linguagem impessoal.  Alem da credibilidade alcançada, obtém-se a vantagem de tornar a redação até mesmo mais consistente, ao tratar da opinião defendida como uma verdade indiscutível. É por essa razão que evitamos a 1a pessoa do singular (“eu”; “penso”; “na minha opinião” etc.), o que alem de tudo, seria redundante, uma vez que o texto é escrito por apenas uma pessoa e contém suas idéias.

OBJETIVIDADE

Alem da linguagem, espera-se que o redator de uma dissertação seja capaz de tratar o tema com critérios objetivos. Dito de outro modo, seria inadequado deixar-se influenciar por aspectos emocionais e religiosos, por exemplo, ao discutir um tema como legalização do aborto. Embora existam razões respeitáveis do ponto de vista puramente irracional, eles não se combinam com o caráter exclusivamente racional da dissertação.

MODALIDADE ESCRITA/PADRÃO CULTO

Ninguém precisa ter conhecimento profundo de gramática para saber que existem profundas diferenças entre o uso oral do idioma e sua utilização escrita. Palavras como “aí” e “coisa”, por exemplo, só fazem sentido se houver um contexto físico que esclareça seus significados. A repetição de palavras, também, é fundamental em um dialogo, para que o assunto permaneça despertando atenção. Na escrita, entretanto, a imprecisão do vocabulário e as repetições lexicais, entre outros aspectos, constituem inadequações a serem evitadas.
Ao mesmo tempo, por se tratar de uma prova integrante da disciplina Língua Portuguesa, a redação deve ser produzida dentro dos limites da norma culta, ou seja, sem erros gramaticais. Isso não significa que precisemos ser sofisticados; um bom texto, claro e natural, pode fazer uso dessa norma e ser perfeitamente aceitável para o leitor comum.

ESTRUTURA LÓGICA

Assim como uma conversa, um filme e um dia têm começo, meio e fim, também uma dissertação é dividida em etapas, denominadas, respectivamente de introdução, desenvolvimento e conclusão. A cada uma corresponde uma função específica dentro da estratégia maior de convencer o leitor. Ao mesmo tempo, o desempenho de cada função pode ser feito de maneira original e inteligente, fugindo ao puro didatismo, conforme veremos depois.

QUALIDADES

Um texto dissertativo que se enquadre nos parâmetros descritos até aqui não necessariamente “merece” nota dez. Isso porque, nesse caso, o aluno estaria apenas cumprindo obrigações, Alem dos aspectos fundamentais, portanto, a redação “perfeita” deve apresentar coesão, clareza, coerência, concisão, profundidade, senso critico e criatividade. Não é pouco, sem dúvida. Por isso, não há mágica que faça um aluno redigir melhor da noite para o dia. Apenas aos poucos, com dedicação e reflexão, será Possível incorporar tantas qualidades ao próprio texto.

(Fonte: Rabin, Bruno. Redação. Módulo 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2007, p. 24-5)