CARACTERÍSTICAS
DA DISSERTAÇÃO
O texto
dissertativo é, por definição, aquele em que desenvolvemos um tema com o
objetivo de esclarecer seus aspectos principais e, eventualmente, apresentar
nosso ponto de vista. Quando esse tipo de texto faz apenas um panorama das
idéias principais relativas ao tema, sem defender uma opinião específica, ele
recebe a designação de dissertação expositiva; quando, ao contrario, o objetivo
do autor é convencer os leitores de seu ponto de vista, trata-se de uma
dissertação argumentativa.
Em
geral, as provas de vestibular não costumam fazer menção a textos puramente
expositivos. Espera-se que o candidato apresente senso critico em sua redação
e, para isso, nada melhor do que redigir uma argumentação propriamente dita.
Assim, daqui em diante, sempre que falarmos de dissertação, faremos referencia
aos textos de caráter argumentativo, mesmo que essa denominação não seja
explicitada.
DEFESA DE UM PONTO DE VISTA
Considerando o caráter argumentativo de
que falamos, não será difícil perceber que é necessário “tomar partido” em
qualquer redação de vestibular. Precisamos de todas as armas necessárias a
levar o leitor a concordar com
nossa opinião. Essa é uma tarefa que faz uso constante do raciocínio lógico e
da organização das idéias.
Cumpre
ressaltar, a esse propósito, que as Bancas não avaliam qual é o ponto de vista
do candidato, uma vez que todos temos liberdade de pensamento. No entanto, como
em sociedade não basta ter uma opinião, sendo preciso justificá-la e
fundamentá-la, os examinadores procuram avaliar essas competências na correção
das provas.
LINGUAGEM IMPESSOAL
Por
se tratar de texto técnico, a dissertação deve tratar do tema proposto com uma
linguagem impessoal. Alem da
credibilidade alcançada, obtém-se a vantagem de tornar a redação até mesmo mais
consistente, ao tratar da opinião defendida como uma verdade indiscutível. É
por essa razão que evitamos a 1a pessoa do singular (“eu”; “penso”;
“na minha opinião” etc.), o que alem de tudo, seria redundante, uma vez que o
texto é escrito por apenas uma pessoa e contém suas idéias.
OBJETIVIDADE
Alem
da linguagem, espera-se que o redator de uma dissertação seja capaz de tratar o
tema com critérios objetivos. Dito de outro modo, seria inadequado deixar-se
influenciar por aspectos emocionais e religiosos, por exemplo, ao discutir um
tema como legalização do aborto. Embora existam razões respeitáveis do ponto de
vista puramente irracional, eles não se combinam com o caráter exclusivamente
racional da dissertação.
MODALIDADE ESCRITA/PADRÃO CULTO
Ninguém
precisa ter conhecimento profundo de gramática para saber que existem profundas
diferenças entre o uso oral do idioma e sua utilização escrita. Palavras como “aí”
e “coisa”, por exemplo, só fazem sentido se houver um contexto físico que
esclareça seus significados. A repetição de palavras, também, é fundamental em
um dialogo, para que o assunto permaneça despertando atenção. Na escrita,
entretanto, a imprecisão do vocabulário e as repetições lexicais, entre outros
aspectos, constituem inadequações a serem evitadas.
Ao
mesmo tempo, por se tratar de uma prova integrante da disciplina Língua
Portuguesa, a redação deve ser produzida dentro dos limites da norma culta, ou
seja, sem erros gramaticais. Isso não significa que precisemos ser
sofisticados; um bom texto, claro e natural, pode fazer uso dessa norma e ser
perfeitamente aceitável para o leitor comum.
ESTRUTURA LÓGICA
Assim
como uma conversa, um filme e um dia têm começo, meio e fim, também uma
dissertação é dividida em etapas, denominadas, respectivamente de introdução,
desenvolvimento e conclusão. A cada uma corresponde uma função específica
dentro da estratégia maior de convencer o leitor. Ao mesmo tempo, o desempenho
de cada função pode ser feito de maneira original e inteligente, fugindo ao
puro didatismo, conforme veremos depois.
QUALIDADES
Um
texto dissertativo que se enquadre nos parâmetros descritos até aqui não
necessariamente “merece” nota dez. Isso porque, nesse caso, o aluno estaria
apenas cumprindo obrigações, Alem dos aspectos fundamentais, portanto, a
redação “perfeita” deve apresentar coesão, clareza, coerência, concisão,
profundidade, senso critico e criatividade. Não é pouco, sem dúvida. Por isso,
não há mágica que faça um aluno redigir melhor da noite para o dia. Apenas aos
poucos, com dedicação e reflexão, será Possível incorporar tantas qualidades ao
próprio texto.
(Fonte: Rabin, Bruno. Redação. Módulo 1. Rio de Janeiro:
Fundação Cecierj, 2007, p. 24-5)