CANÇÃO DO EXÍLIO
(Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem que ainda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
(In Primeiros Cantos, 1846)
CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA
(Oswald de Andrade)
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase tem mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que eu veja a rua 15
E o progresso de São Paulo
(In Pau-Brasil, 1925)
CANÇÃO DO EXÍLIO
(Murilo Mendes)
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas são mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
(In Poemas, 1930)
NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO
(Carlos Drummond de Andrade)
Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.
O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.
Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.
Onde é tudo belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)
Ainda um grito de vida e
voltar
para onde tudo é belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.
(In A Rosa do Povo, 1945)
12 comentários:
Ah! Eu conhechia só a original e a de Oswald de andrade as outras naum..
aff...a do Gonçalves Dias já to quase decorando..huahua..
pow..que farofa td mundo faz paródia da poesia...
Apesar de as outras também serem legais a melhor é a original, é muito bonita!
bjos
Chali,
a "Canção do exílio" é uma das poesias mais parodiadas da literatura brasileira. Tenho ainda mais duas releituras, dá uma olhada:
UMA CANÇÃO
Mário Quintana
Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.
Minha terra tem relógios,
Cada qual com a sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?
Mas a palavra “onde”?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus de minha terra
Eu canto a Canção do Exílio.
(in Poesias, 1962)
CANÇÃO DO EXÍLIO FACILITADA
José Paulo Paes
Lá?
ah!
sabiá...
papá...
maná...
sofá...
sinhá...
cá?
bah!
(In Meia Palavra, 1973)
Gostou?
Ah! Tenho mais uma:
JOGOS FLORAIS
Cacaso
Jogos Florais I
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá
Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre
a água já não vira vinha
vira direto vinagre
Jogos Florais II
Minha terra tem palmares
memória cala-te já
Peço licença poética
Belém capital Pará
Bem, meus prezados senhores
dado o avanço da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.
(será mesmo com esses dois esses
que se escreve paçarinho?)
(In Beijo na Boca e Outros Poemas, 1985)
A do Mário Quintana é linda!
A do Paulo Paes é engraçada, amei ..auhhau...
E a outra mais engraçada ainda:
"...errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho."
Gostei!
Ah!eO adorei pois tiveeh ki usaar as musikas pra fazeer um trabalho escolar ja conheeciaah a de Gonçavez Dias mais as outra ñ e me ajudO muitO a fazeer os trabalhos escolares
bejO's Fui...♥
Eu estava na Espanha e via notícias de violência no Rio e em São Paulo. Fiz minha canção de exílio:
CANÇÃO DO EXÍLIO
Divina de Jesus Scarpim Visitando Gonçalves Dias
Minha terra tem algumas palmeiras,
Mas não tem mais sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Estão nas gaiolas a penar.
Nosso céu ainda tem estrelas,
Mas nossas várzeas não têm mais flores,
Nossas flores foram arrancadas,
Nossa vida é cheia de horrores.
De sair, sozinho, à noite,
Muito medo encontro eu lá;
Minha terra tem poucas palmeiras,
E não tem mais sabiá.
Minha terra tem horrores,
Que tais não encontro eu cá;
De sair – sozinho, à noite –
Muito medo encontro eu lá;
Minha terra tem poucas palmeiras,
E não tem mais sabiá.
Não permita Deus que eu morra
Sem ver melhoras por lá;
Sem que se acabem os horrores
Que não encontro por cá;
Sem que volte a ter palmeiras,
E que tenha sabiá.
(1999)
Obrigada, Divina!
Muito legal ler a sua releitura!
Beijos,
Luciana
Homenagem a minha cidade!
http://jussaracgodinho.blogspot.com.br/2008/05/amor-caxias-do-sul.html
Olá! Escrevi há um mês uma parodia da " canção de exilio" não imagina, que já existiam versões tão diversificadas e bonitas..
http://thiagoloreto.blogspot.com.br/2014/04/cancao-da-realidade.html
Que bacana, Thiago!
Obrigada pela visita!
Um abraço,
Luciana
Ameiiiii
Amei
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