“Ainda
assim me levanto” (“Still I Rise”), Maya Angelou
Você
pode me inscrever na história
Com as
mentiras amargas que contar
Você
pode me arrastar ao pó,
Ainda
assim, como pó, vou me levantar
Minha
elegância o perturba?
Por que
você afunda no pesar?
Porque
eu caminho como se eu tivesse
Petróleo
jorrando na sala de estar
Assim
como a lua ou o sol
Com a certeza
das ondas do mar
Como se
ergue a esperança
Ainda
assim, vou me levantar
Você
queria me ver abatida?
Cabeça
baixa, olho caído,
Ombros
curvados como lágrimas,
Com a
alma a gritar enfraquecida?
Minha
altivez o ofende?
Não
leve isso tão a mal
Só porque
eu rio como se tivesse
Minas
de ouro no quintal
Você
pode me fuzilar com palavras
E me
retalhar com seu olhar
Pode me
matar com seu ódio
Ainda
assim, como ar, vou me levantar
Minha
sensualidade o agita
E você
surpreso se admira
Ao me
ver dançar como se tivesse
Diamantes
na altura da virilha?
Das
choças dessa história escandalosa
Eu me
levanto
De um
passado que se ancora doloroso
Eu me
levanto
Sou um
oceano negro, vasto irrequieto
Indo e
vindo contra as marés eu me elevo
Esquecendo
noites de terror e medo
Eu me
levanto
Numa
luz incomumente clara de manhã cedo
Eu me
levanto
Trazendo
os dons dos meus antepassados
Eu sou
o sonho e a esperança dos escravos
Eu me
levanto
Eu me
levanto
Eu me
levanto
Tradução de Francesca Angiolillo