quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Entrevista do Presidente Lula na Revista Piauí

Olá queridos alunos,
este post e o próximo tratarão do mesmo tema: a entrevista do presidente Lula e suas repercussões. Trabalharemos em sala de aula na semana que vem um texto do antropólogo Roberto DaMatta, que também discorrerá sobre o assunto.
Para começar nossa conversa, desejo que vocês leiam alguns trechos polêmicos da matéria O PRIMEIRO E O TERCEIRO PODER – AZIA, OU O DIA DA CAÇA, de Mario Sergio Conti, publicada pela Revista Piauí, que pode ser lida na íntegra em http://www.revistapiaui.com.br/edicao_28/artigo_859/Azia_ou_o_dia_da_caca.aspx
“(...)
Quando chefiou a equipe técnica do Planalto que fez uma visita de trabalho à Casa Branca, em maio de 2005, Clara Ant viu em Washington como o Departamento de Estado monitora os interesses americanos ao redor do mundo, e reforçou a convicção de que só deveria escrever sugestões curtas ao seu chefe, o presidente Lula.
'A Watch Room é imensa, funciona 24 horas por dia, e tem dezenas de funcionários, que acompanham estações de rádio e televisão, a internet, relatórios de embaixadas e consulados e juntam todas as informações que digam respeito aos Estados Unidos', contou Clara Ant, há mais de dois anos. 'Todos os dados são encaminhados à Analysis Room, onde outras dezenas de pessoas comparam, checam e consolidam o que foi coletado.'
O trabalho das duas salas dá origem, uma vez por semana, a um relatório, que é colocado na mesa da secretária de Estado Condoleezza Rice. “O relatório tem uns três ou quatro parágrafos, de três frases cada”, disse a assessora especial de Lula, e completou com veemência: 'É por isso que fico uma arara quando jornalistas mal informados, ou de má-fé, dizem que o presidente lê coisas curtas porque é preguiçoso.'
(...)
O presidente não lê blogs nem sites. Mais: não lê nem jornais nem revistas. E não é por falta de tempo. Simplesmente não quer ler. Por quê? “Porque eu tenho problema de azia”, respondeu. Mesmo afirmando que o jornalismo lhe faz mal ao fígado, o presidente repetiu duas vezes que a sua ascensão à presidência “é produto direto da liberdade de imprensa”.
No dia-a-dia, ele se informa em conversas de meia hora, no início da manhã, com o ministro Franklin de Oliveira, que lhe conta o que foi noticiado. Perguntei se, para sentir o ambiente político, ou mesmo o humor de setores da população, não seria melhor ler diretamente no noticiário político. “Quando sai alguma coisa importante, a Clara ou o Franklin me trazem o artigo, ou mesmo o vídeo de uma reportagem de televisão”, disse.
Mesmo nos fins de semana, fica longe de revistas, jornais e noticiosos? Lula respondeu que a privação de notícias lhe é essencial: “Recomendaria a qualquer presidente que se afaste dos políticos e da imprensa nos fins de semana.” Nos dias de folga, o presidente pesca, joga cartas, conversa com os filhos e amigos – desde que não sejam políticos nem estejam no governo.
(...)
Sem a imprensa, o presidente se considera muitíssimo bem informado. 'Um homem que conversa com o tanto de pessoas que eu converso por dia deve ter uns trinta jornais na cabeça todo santo dia', disse. 'Não há hipótese de eu estar desinformado.'"
Então, o que me dizem?

2 comentários:

HOMEM-ARANHA disse...

Luciana e Alunos,
Não acredito que o Presidente Lula tenha chegado onde chegou sem ler. Ele é um homem simples, sem formação, mas de grande inteligência e visão: isso nenhuma escola ou universidade confere, é um dom que poucos têm. Penso que a resposta do Presidente buscava dois objetivos:
1) Fazer com que a maioria de seus eleitores leiam menos ainda, e continuem a votar nele.
2) Provocar seus opositores, fazendo com que algum deles pudesse comentar de forma um pouco mais agressiva, sugerindo preconceito quanto às origens dele.
Os dois pontos que listei, acontecendo, serão muito favoráveis ao Presidente Lula.

Espero não sofrer qualquer tipo de "rotulação" pelo meu comentário, uma vez que todos nós somos livres para opinar; apenas aproveitei a oportunidade para tecer um comentário, que há muito estava devendo, para minha brilhante e dedicada amiga.
Beijos a todos,
João Luiz Lincoln.

Luciana Messeder disse...

Olá João,
estou muito contente em receber a sua visita (com direito a comentário!)aqui no blog. Algumas palavras é um espaço aberto para todos os tipos de debates e opiniões, sinta-se à vontade,viu?
Sobre a "polêmica" entrevista do presidente: acho que sua hipótese,acerca dos objetivos ocultos da mesma, foi bem fundamentada.
Mas por que eu disse polêmica entre aspas? Bom, porque, na realidade, a única informação chocante para uma pequena parcela da população, da qual fazemos parte, é a de que o presidente não lê porque não quer, porque não vê na leitura nada de especial.
Essa parcela da população é exatamente a camada intelectualizada (ou em vias de) de nossa sociedade.
Nesse sentido, a questão não me parece ser relacionada à alfabetização, mas sim às competências leitoras desenvolvidas, o grande salto operado por quem deixa de ser um mero decifrador de letras e começa a pensar, criticar, relacionar, pôr em dúvida etc., o que está sendo lido.
Logo, acredito que Lula visava atingir os intelectuais de classe média, ou seja, professores, jornalistas, legisladores, advogados,etc., enfim, profissionais liberais que são formadores de opinião.
Será que o presidente teria conseguido alcançar o objetivo de sugerir preconceito quanto às suas origens? Acredito que não, pois, até agora, só encontrei nos jornais de grande porte artigos extremamente bem escritos,com argumentação impecável, que não caem no ofensivo nem na agressividade (fatores que são a ausência de argumentos, por excelência).
Bom, mas como nosso debate está apenas começando, espero que tenhamos conseguido provocar um pouquinho nossos alunos a participarem do mesmo.
Alô, alunos, aguardamos vocês!
João, obrigada mais uma vez pela participação e, por favor, venha mais vezes visitar o nosso espaço com seus excelentes comentários!
Beijos,
Luciana