Mauritshuis, The Hague
Private collection, Genoa
Galleria Nazionale d'Arte Antica, Rome
Museo Diocesano, Cortona
Em meados do século XVI a Europa passa por uma crise espiritual, moral e cultural: as conquistas do Renascimento tinham ido longe demais... Tal colapso da Renascença se deveu a abalos sofridos pela Ciência, Religião e Ética então vigentes: Copérnico (heliocentrismo); Lutero (Reforma Protestante – 1517) e Maquiavel (duplo padrão de moralidade), cada um em sua esfera, desconcertavam a ordem teocêntrica do universo.
Tal sensação desconcertante – de um lado o respeito aos dogmas, o apelo da espiritualidade e da fé, de outro, a vontade de conhecer, de experimentar, o humano e o terreno – atravessará todo esse período, marcando definitivamente o homem barroco por uma consciência dilemática e contraditória.
Diante desse surto de novas idéias, de novas condutas morais e de divisão da própria cristandade, a ordem reinante, abalada, buscou definir com bastante rigor a fronteira entre as leis da Igreja e a heresia, entre a Fé e a Ciência. O saber da fé não dava fé ao saber científico. Assim, a reação da Igreja católica veio com a Contra-Reforma (Concílio de Trento, 1545-1563), com a criação da Companhia de Jesus (1540) e com o endurecimento da Inquisição.
É importante ressaltar que, se há no período um sentido extremamente desenvolvido, este é a visão. Não parece obra do acaso o desenvolvimento e a exploração, neste período, do microscópio (1590) e do telescópio (1608). Também não é à toa que uma das diretrizes do Concílio de Trento, de onde surgiram os preceitos da Contra-Reforma, fosse exatamente a captura do fiel por meio da arte pictórica, da imagem, dos grandes monumentos, das suntuosas igrejas, da riqueza dos ornamentos, enfim, de uma verdadeira festa para o olhar. Em busca de uma Igreja moderna, renovada, capaz, portanto, de recuperar o prestígio abalado, as novas diretrizes estabelecidas para a arte tinham como função a conquista da alma por meio da exuberância da fé. A nova arte deveria ofuscar os sentidos, maravilhar, extasiar.
A Igreja Católica passava, então, a atribuir à pintura uma função catequética tão evolvente, tão eficaz, que as técnicas pictóricas acabaram se transferindo para a literatura: criaram-se verdadeiros “quadros verbais”, “pinturas vivas” do que se pretendia contar.
Será portanto muito comum na literatura barroca o desejo de explorar a sensibilidade óptica de seus leitores, quer mediante a utilização de metáforas eminentemente visuais, quer através de técnicas persuasivas que encontrassem nos olhos o caminho da mente e da vontade (“Entregar à mente colocando ante os olhos”, “a nossa alma rende-se muito mais pelos olhos que pelos ouvidos”).
A importância da prosa doutrinal religiosa nesse período, o reinado dos sermões, advém também das diretrizes do Concílio de Trento: além da pintura com fins doutrinais, prescrevia-se da mesma maneira a formação de pregadores capazes de mover e comover pedras.
As características barrocas podem ser sintetizadas em:
- Dualidade/Contradição: Fé X Ciência; Alma X Corpo; Salvação X Pecado;
- Exuberância das artes; apelo visual;
- Movimento; curvas, sinuosidades;
- Linguagem figurativa: alegorias; metáforas, sinestesias, antíteses e paradoxos;
- Conflito do homem barroco: Antropomorfismo X Teocentrismo;
- Cultismo: jogo de palavras;
- Conceptismo: jogo de idéias.
Um comentário:
Prof. Roubei pra dar uma estuda em barroco!
Dpois vou ler as postagens novas!
bjocas.
=]
Postar um comentário